uma cena

uma cena. estou sem forças, deixei-me levar. o fato de não poder falar está me levando à loucura, à loucura literalmente. ao ponto de espernear, me debater, socos na cabeça, como um troglodita. como um troglodita. isso. estou ficando louca. entreguei os pontos quando fiz isso e ainda escuto, bem baixinho, "ainda bem que eu me afastei". ainda bem? ainda bem? é assim que pensa? ainda bem que está longe da louca, maluca, sem noção? não queria ter feito cena, não mesmo. queria ser uma pessoa centrada que passa cinco dias muda [muda, literalmente muda] com a elegância da lady di. que passa cinco dias muda como se não quisesse falar e não por não poder falar. queria passar cinco dias muda e dar conta de me expressar tão bem quanto com a fala. mas não, saiu tudo errado. eu pirei, pirei. não dei conta de me fazer entedível, não dei conta de me controlar e acabei tentando falar, o que de resultado me deu uma dor na garganta terrível, que fiquei com medo de ter aberto a cicatrização das cordas vocais. voltei pra casa com a mão no pescoço, em vão, claro, pois nada adiantaria, nada iria passar a dor, muito menos minha mão.
fiz uma cena, das mais ridículas, das mais infantis possíveis, mas só porque parecia não ter saída. estava com raiva de mim mesma, mas não precisava daquilo. parecia um ser irracional, banal, bossal, que não merece o respeito de ninguém, que não merece a compreensão de ninguém, que não merece a paciência de ninguém. ninguém...

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