caminho livre


rumo à casa, ela se assustou com a gentileza da vida. em nenhum momento, daquele rotineiro caminho ela ficou parada, fosse em semáforo, esquina ou faixa de pedestre. semáforos verdes, esquinas sem a presença de carros. passagem livre durante os 25 minutos da sua caminhada de labor. um único ritmo, do início ao fim. sem parar, sem desacelerar. ficou impressionada, pois era um mistério como acontecera aquilo. os relógios estavam sincronizados? seria um sinal de que o caminho dela estava livre? sem ninguém para interromper e deixá-la seguir vôo, zarpar, partir? ou seria uma bobeira, uma coincidência feliz que a fez chegar em casa em um tempo menor? não sabia e nunca descobriria o porquê. mas que a impressionou, ah! isso sim. ela imaginava mil coisas... e com esse simples acontecimento a cabeça dela criava diferentes hipóteses para tal fato, a medida que surgia uma melhor a anterior era colocada de lado, descartada sem dó. era assim quando andava e matutava ao mesmo tempo. as coisas pareciam brotar em sua cabeça a cada passo dado. a cada um deixado para trás uma idéia ficava com ele. ali parada, no passado. ela ansiava pela vinda do próximo dia, para ver se o caminho continuaria livre. mas pra saber disso era preciso ir embora, dormir, acordar, ir trabalhar e esperar até a hora do almoço para começar a andar no seu caminho de volta pra casa.




 

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