de manhã cedo já em pé. o frio toma conta das veias. óculos escuros pra esconder os olhos inchados (inchados por dois motivos). mede pressão, escuta comentário sobre o frio e sai caminhando, contra o vento, rumo ao cotidiano. senta no banco mais alto, pede uma meia e um café preto. enquanto degusta assiste ao noticiário na TV. reconstituição de cena de crime, futebol, tempo, investimento... os primeiros assuntos do dia. o senhor no caixa olha pra o reflexo dos óculos e questiona qual a naturalidade. responde que é da cidade e o senhor, que deixa o bigode molhado de leite, afirma que o sotaque e o jeito calmo de falar o faz pensar que a cliente não faz parte da população local. ela não comenta nada, só pensa que é cedo, seu cérebro ainda processa os acontecimentos e por isso a fala lenta, calma, serena. questão de horas ela já estará em certo ritmo. sai do recinto, observa os dois lados da rua, olha pro horizonte e o vê. os prédios são poucos, o que proporciona uma visão melhor, uma ventilação melhor. o céu, antes cinza e frio, começa a tomar forma. as nuvens abrem espaço pro azul e para os raios brancos, que segundo a previsão do tempo a estrela solar há de aparecer, mas pode não esquentar.


Comments

Luize said…
Já te disse q adoro ler seus textos? ;)

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