um senhor, já de idade, sobe a rua íngreme pedalando sem cessar. na garupeira uma senhora de saia até os joelhos, carregando em uma mão as palavras do seu senhor e na outra segura, firme, o banco. o senhor, magro, esbelto e de calça social pedala rapidamente, pra não perder o ritmo. quando cansa, e as pernas avisam que não possuem mais força, freia, pára e coloca um pé no chão. a senhora atrás pula como se fosse automático. os dois seguem andando. ele empurra a bicicleta, ela lê versículos. ele quase não tem cabelo. ela tem um coque de dar inveja ao bebê careca que passa do lado. eles sobem a rua rumo a um horizonte que não se vê. mas seguem com a fé nas mãos da mulher.


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