reviro fotos antigas, guardadas em caixa de sapatos. te acho no meio de tantas, de infância, adolescência e algumas de fantasia, que nunca saíram do armário onde eu as escondia.
hoje parece que você está mais maduro, mais bonito. pode ser impressão minha. pode ser uma ilusão minha. que eu invento pra te exergar com outros olhos. olhos de quem perdeu, olhos de quem não tem mais o que era meu.
a foto dos nossos rostos pintados ainda guardo. o nariz vermelho e uma lágrima azul. foto tirada dentro do banheiro, com semblantes sérios. interpretávamos palhaços tristes ou só registrávamos um momento de loucura?
te vejo agarrado na barra da saia da moça que leva um doce sorriso quando está do teu lado. penso em você. penso no que fomos. penso no que seríamos. será que seríamos?
muitos dizem frases feitas de você, mas poucos o conhece.
eu me sinto no direito de pensar e falar que eu te conheço. pois você me conhece. era pra você que depois de um temporal eu contava sobre o caos que andava minha mente e coração. era você que me entorpecia e me dizia palavras bonitas mesmo depois de tanta lama que coloquei nos nossos pés. era você que me abraçacava e dizia que só eu teria as respostas para todas as minhas perguntas. era você que atendia aos meus telefonemas e sentava comigo no banco de uma praça. e foi numa praça onde tudo começou.
eu deixei cair e quebrar, não sei se agi certo. na ocasião achei que sim. que seria o correto a se fazer. hoje não sei mais.
sinto que aos poucos, a medida que eu caminho, vou perdendo tudo, inclusive o meu eu. e tenho a sensação que, a cada dia, você vai achando tudo, inclusive o verdadeiro você.