enterro alguns fantasmas. outros cremo. outros insistem em puxar meu pé durante a noite. outros me assustam pela madrugada.
os enterrados ganham uma camada grande de terra, às vezes mais que 7 pés. os cremados receberam o perdão e pagaram com o corpo. os que me puxam me tirando dos sonhos lúdicos ganham espaço na mente no dia seguinte. os da madrugada habitam os sonhos e os finais de noite.
alguns conseguem reencarnar e me transportar para 20 anos atrás. onde a mocidade fazia parte do dia a dia e as preocupações não faziam parte da pauta da vida.
fantasmas, sombrios ou sorridentes, andam me visitando.
a última visita não foi como esperava, foi além. parecia ser tão real que eu conseguia sentir o perfume, sentir o toque suave das mãos em minha nuca e os dedos penteando as madeixas negras mais curtas. a saliva tinha gosto de novidade, por mais que não fosse. o coração batia tão forte que tirava o fôlego. o olhar me deixou catotônica e o receio da pedra em cima da história se mover, rolar e deixar tudo voltar à tona me consumiu.
mesmo acordada os fantasmas me visitam e eu os recebo com um sorriso no rosto e só peço que não fiquem para o jantar.




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