o sol a pino. o ventilador ligado. o filme na tv. óculos, cigarros, copo, cinzero, controle... no chão.
a visão não enxergava longe. garganta seca. olhos baixos. apenas peças íntimas e o cabelo molhado. aguardando a noite que não veio. a mala estava pronta, esperando o carro que nunca veio. pendurada na maçaneta da porta ao lado da bancada que o fazia lembrar de pegar as chaves e o telefone. ficou aguardando o sinal de fumaça, mas não sabia se notaria pela fumaça que ele mandava de sinal. ficou quieto, a maior parte do tempo. vez ou outra levantava ia ao banheiro, um gole de água, jornais novos para o gato arranhar, batia bom ar e voltava para a cadeira de mandeira. o único assento, fora a cama, na casa toda. via na tv um programa de venda de produtos. cada um mais estranho que o outro. uma cadeira de balanço com consolo. ele até pensou em ligar, pois ficou curioso em saber o preço. mas decidiu que não, poderiam pensar que ele era "pervertido" ou coisa do tipo. um de seus vícios era isso. não o consolo, querer saber os preços dos produtos que vendiam maravilhosamente no programa. sua conta de telefone era mais alta que a de energia. e naqueles últimos dias ele tinha passado muito tempo em casa. cansou do programa, nenhum produto mais despertava curiosidade. mudou de canal e começou a assistir Simpsons. arrumou a cueca, se levantou e pegou mais uma cerveja na geladeira. se deu conta que seus cigarros acabaram. mas o sol ainda estava a pino.

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