do radinho de pilha vinha uma música que a fazia dançar uma coreografia inventada na hora.
seu vestido, berinjela, rodopiava com ritmo. os cabelos presos se soltavam com vontade.
logo depois, ao término do som, uma coceira se apodeirava de seu corpo.
pequenas bolinhas vermelhas surgiam, inchavam a pele, e a unha, verde-bandeira, não via como não deixar marcas.
pra se acalmar deitava no chão, só assim o mundo parava de girar. com as mãos na terra tentava sentir alguma energia cósmica que tantos falavam.
corpo fechado? não fizera nenhum pacto, mesmo assim seria possível?
as outras músicas não faziam seu vestido entrar no ritmo. as pernas não doíam, na verdade, nem as sentia.
sentou de frente para o rádio, endireitou a coluna, ajeitou o vestido, colocou as mãos sobre os joelhos e tentava, com a força do pensamento, fazer a música repetir naquele instante.

estava leve, apenas com o almoço no estômago e um suspiro doce, meia hora depois.

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