passava a mão na calça jeans como quem espera o tempo acabar e poder ir embora. impaciente. a cerveja desceu mais que redonda, parecia mesmo uma correnteza e que a garganta era uma grande queda d'água. a música não agradava o gosto da mesa, que variava entre diferentes estilos. mas o motivo de todos estarem reunidos era outro e não o som ou o álcool. o olhar buscava a pessoa ao lado, a pessoa ao lado não buscava nada com o olhar. a mão apertava a pessoa ao lado, passeava pelas pernas, costas, pescoço. a pessoa ao lado estática, amassando o barro em conversas já desgastadas. estava diferente. seria o frio? a música? a cerveja devidamente gelada? ou a presença da pessoa ao lado? não sabia o que pensar e preferiu parar de buscar respostas. o beijo demorado, carinhoso e molhado deixou um arrepio ao final e a vontade de ir ao banheiro. não dava pra entender. era melhor ficar ou ir?
no dia seguinte... se despediu, pegou a estrada e foi viver uma vida diferente.
voltou depois de uma temporada e nenhum sinal, 'por enquanto' - pensava. amanhã era o dia de fazer aquela ligação, entregar os pertences, dar um abraço, se for o caso, levar aquele cheiro pra casa, que impregna na roupa e no nariz, e ver se algum rumo a coisa vai tomar. hoje o dia era de aguardar e conter os pensamentos e a vontade de falar 'boa noite'.




 

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