uma adolescente no corpo de uma mulher de 30 anos. era assim o ano de 1999 para Marta. aqueles sentimentos e pensamentos conflitantes se debatendo desde o momento que acordava até o momento em que seu corpo se desintegrava na cama. não sabia o que falar, o que pensar, como agir, como não agir. o peito parecia pequeno para suportar o tamanho do coração. o estômago revirava e várias xícaras de café para suportar o dia. a dúvida. a cruel dúvida de ir ou ficar. de ser ou estar. de ser levada ou levar. mais uma xícara de café despencava no buraco negro do estômago. Marta era mulher independente, passava confiança com aquela imagem 'cheia de si'. no íntimo era frágil, menina, ridícula, medrosa, envergonhada. as palavras fugiam quando ela mais precisava, parecia um dicionário em branco, pronto pra ser escrito. por vezes era assim que gostava de sentir. tudo em branco pra ser escrito com novas palavras, novas sensações. mas não cabia. o que cabia era deixar de ser assim. ir pra luta diária sem os receios infantis, sem deixar que as sensações tomassem conta da direção.
Marta não queria viver a história por ninguém, mas com alguém. 'nem sempre isso é possível, Marta', ela dizia pro reflexo no espelho. ela entendia. ela sabia. as pessoas falavam. ela escutava. mas também dava ouvidos para as milhares de vozes que existiam dentro dela, que nem sempre eram, assim, tão sábias. usava O.B. nos ouvidos, batom preto nos pés, tomava refrescante bucal nas noites de sábado e tentava se embriagar de sonhos.
Marta queria cometer homicídio. esquartejar aquela adolescente que insistia em dormir ao seu lado todas as noites desde aquele último dia de janeiro.






Comments

Nass Ju said…
claro que serve de referencia. uma beleza exotica assim, como a sua, nao se esquece; vira assunto numa noite interia de bar. =)
obrigada pelas andanças na minha terrinha. visitarei seu pedacinho tbm. bjos!

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