Em meio a poltronas vazias lá estava eu, tentando seguir um rumo sem clamar a Deus.
“Chega de lamentações”, era o que escrevia na carta recém enviada para a amiga que mesmo longe me parece mais próxima que tantas pessoas ao meu lado.
A vida já não é mais a mesma.
As cores se desbotaram, ficou somente um quadro machado do que era para ser. Inacabado.
Mal pintado. Porém, tempos atrás repleto de esperanças e sonhos, que foram apagados, comidos pelo destino que não sabia mais qual o caminho que trilhava, pois agora nem eu nem a mão invisível do destino controlava.
Fui deixada ao léu por mim mesma. Agora só ando com os meus fantasmas que atormento e por momentos me deixam a sós. Me tranco dentro de mim e o dia que resolvo abrir a porta, parece que a menina de anos atrás está viva, mas tudo não passa de algumas horas regadas a bebida.
Quando a menina sai da clausura não agrada muitos, só os que com ela não convive.
Aborrece, faz coisas sem pensar e por instantes não se importa, mas quando a calmaria retorna percebo que a menina não passa de uma memória, pois eu não sou mais como ela.
Ela é uma parte escondida de mim, hoje sou outra.
Esquálida, branca, sem vida e sem cores, sem o brilhos nos olhos que aquela menina, que vive aqui dentro, tem.
Ranzinza, quase uma velha da juventude. Uma velha na juventude.
Seria isso possível?
A vida realmente nos transforma, nos envelhece antes mesmo do período cronológico bater a porta?
Pode ser uma fase, uma nuvem negra colada com super bonder sobre a minha sombra ou pode ser a vida, mostrando sua caveira com olhos fundos que vejo no reflexo do espelho.
Canso.
Canso de correr, de pensar, de falar, de explicar, de sonhar, de amar, de viver.





20H03
16-11-2007

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